O enorme volume de lixo eletrônico gerado pela população mundial compromete, perigosamente, a sustentabilidade do planeta. Esse risco faz da logística reversa um tema cada vez mais urgente para a promoção do equilíbrio entre meio ambiente, bem-estar social e atividades econômicas.
Se até algum tempo atrás o assunto só mobilizava pesquisadores e ambientalistas, hoje a logística reversa é uma responsabilidade que deve ser compartilhada entre fabricantes de produtos eletroeletrônicos, importadores, consumidores, cooperativas de reciclagem, poder público e outros agentes sociais.
Para se ter uma ideia, em 2019 a população mundial produziu 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrônico, de acordo com o relatório Global E-waste Monitor 2020, da Organização das Nações Unidas (ONU).
A título de comparação, o estudo aponta que essa assustadora quantidade de material eletrônico descartado pós-uso é mais pesada do que toda a população adulta da Europa. Em outra analogia, o peso desse lixo eletrônico equivale a 350 navios de cruzeiro do tamanho do Queen Mary que, se alinhados, formariam uma fila de 125 quilômetros de extensão.
Por sua extrema relevância, a logística reversa é um dos instrumentos previstos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a Lei Nº 12.305, instituída em 2 de agosto de 2010. E mais recentemente, o Brasil deu outro importante passo para o avanço da logística reversa em seu território, com a aprovação do Decreto Federal Nº 10.240, que estabeleceu diretrizes para a implantação do sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e seus componentes de uso doméstico.
Tais progressos da logística reversa de eletroeletrônicos na esfera legislativa, portanto, obrigam que a sociedade civil, as administrações públicas e o setor econômico(produtivo e comercial) se adequem aos padrões legais de destinação final ambientalmente adequada desse tipo de produto.
Com o aumento da Manufatura Reversa, é possível observar a mudança de tendência comercial e produtiva global, onde alteramos o conceito de Economia Linear para Economia Circular de Bens e Produtos.
Além de preservar os recursos naturais e fomentar a economia circular, a manufatura reversa de eletroeletrônicos ou seja, sua destinação final ambientalmente adequada é um procedimento que ainda traz várias vantagens às empresas.
Quanto a isso, pode-se dizer que o manejo correto de resíduos eletroeletrônicos também gera a redução de custos com a aquisição de matéria-prima e o reconhecimento de práticas sustentáveis da empresa por parte do consumidor.
Além do mais, a manufatura reversa de eletroeletrônicos é um procedimento que garante a proteção da marca. Ou seja, evita a apropriação, e posterior comercialização, de produtos e/ou componentes eletroeletrônicos (descartados sem critérios) em transações clandestinas ou ilícitas.